KIUSAM DE OLIVEIRA E LUCIENE CAMPOS NO IMPACTOS DO PACTO: MUITAS HISTÓRIAS PRA CONTAR E ENCANTAR

A Arte Educadora, dançarina, contadora de histórias e especialista em africanidades Kiusam de Oliveira estará presente no segundo encontro "Impactos do Pacto no Ciclo de Alfabetização" que reunirá todas as turmas PNAIC no CEU Casa Blanca, dia 24/10/2015, a partir das 8h.

Vale a pena conhecer a trajetória dessa autora e suas publicações dedicadas ao público infanto juvenil: "O Mundo no Black Power de Tayó", que compôs o acervo do Leituraço encaminhado às EMEFs em 2014, "Omo-Obá: Histórias de Princesas" e "O Mar que banha a Ilha de Goré".

Tayó é uma menina negra que tem orgulho do cabelo crespo com penteado black power, enfeitando-o das mais diversas formas. A autora apresenta uma personagem cheia de autoestima, capaz de enfrentar as agressões dos colegas de classe, que dizem que seu cabelo é “ruim”. Mas como pode ser ruim um cabelo“fofo, lindo e cheiroso”? “Vocês estão com dor de cotovelo porque não podem carregar o mundo nos cabelos”, responde a garota para os colegas. Com essa narrativa, a autora transforma o enorme cabelo crespo de Tayó numa metáfora para a riqueza cultural de um povo e para a riqueza da imaginação de uma menina sadia.

Omo-Oba: Histórias de Princesas é um livro que privilegia o recontar de mitos africanos, muito divulgados nas comunidades de tradição ketu, pouco conhecidos pelo público em geral e que reforçam os diferentes modos de ser femininos. 

Os seis mitos apresentados têm o objetivo de fortalecer a personalidade de meninas de todos os tempos.

É uma história emocionante onde a autora apresenta um diálogo entre Kika - uma menina brasileira - e seu ancestral mais antigo, o mar. Tudo isso, ambientado na Ilha de Goré, no Senegal. Nesta Ilha, Kika aprofunda seus conhecimentos sobre ancestralidade.

As narrativas de Kiusam estão profundamente preocupadas com a interculturalidade, o respeito à diversidade e à valorização da cultura negra e afro-brasileira. Temáticas amplamente discutidas ao longo dos encontros formativos PNAIC e que ultrapassam datas específicas no calendário para se tornar Projeto Político Pedagógico vivenciado cotidianamente em todas as Unidades.

O evento também contará com a presença da professora aposentada e bonequeira Luciene Varandas que nos presenteará com uma vivência coletiva de confecção de Abayomis. 

Será uma experiência singular. Veja fotos de vivência semelhante com o Grupo de Orientação de Estudos:

Enfim, o dia 24/10/2015 está imperdível! Histórias, relatos de práticas e muito mais!! Não percam!!

LÍNGUA PORTUGUESA E ARTE: DIÁLOGOS INTERDISCIPLINARES

Neste encontro PNAIC professores e professoras vivenciaram experiências interdisciplinares entre Língua Portuguesa e Arte, linguagens intercambiáveis que expressam a subjetividade do autor por meio da oralidade, da escrita, de imagens ou de gestos.

As atividades foram iniciadas com a leitura do texto "Mania de Explicação" da autora Adriana Falcão. A narrativa poética expressa bem uma característica comum à profissão docente: a mania de explicar tudo, justificada por se exercer o papel de quem ensina e, portanto, supostamente, sempre sabe mais. 

O que quer dizer 'ainda'? E 'apesar'? E 'saudade'? E 'antes'? Estas e outras palavras estão neste livro, uma espécie de dicionário poético das coisas consideradas inexplicáveis

Os participantes destacaram a necessidade de diminuir o foco nas explicações e incentivar a elaboração de questionamentos durante a prática pedagógica. Tal qual a menina do texto, é preciso compreender que professores e professoras não precisam estar sempre no "controle", precisam oportunizar perguntas e orientar a busca pelas respostas.

Na sequência, diversas imagens e poemas foram expostos aos participantes, que foram orientados a escolher uma imagem ou um poema para analisarem. 

Depois desse momento, organizaram-se em duplas a partir das relações estabelecidas entre textos e imagens. Por fim, receberam a comanda de construírem um texto poético que dialogasse com a imagem e o texto escolhidos. 

Durante a exposição das produções poéticas, as professoras e professores comentaram que o resultado superou suas expectativas. 

A experiência foi um exemplo de que a língua materna e as linguagens artísticas podem ser trabalhadas de maneira prazerosa e funcional no cotidiano escolar. Refletiram também sobre a importância de retirar o foco das correções ortográficas e colocá-lo na riqueza da autoria. 

Os slides a seguir apresentam os temas discutidos com o grupo a partir dessa atividade.

Após esse momento, como já havia sido previsto, professores e professoras iniciaram a exposição de seus Portfólios, os Cadernos onde registraram as atividades desenvolvidas ao longo do curso, as impressões pessoais e os projetos vivenciados com seus alunos e alunas do Ciclo de Alfabetização.

E para finalizar o encontro nada melhor que um momento de confraternização com direito a Amigo Livro, Amigo Caneca ou Amigo Chocolate. Vamos celebrar!!

GEOGRAFIA E MATEMÁTICA: O LUGAR SOB O ENFOQUE INTERDISCIPLINAR

A interdisciplinaridade foi abordada nesse encontro PNAIC a partir de alguns pontos convergentes entre a Geografia e a Matemática, a partir do tema "Lugar/lugares". 

O conceito de lugar envolve as relações entre tempo, espaço, território, identidade cultural e diversidade e, de alguma maneira, permite a abordagem de todas os componentes curriculares.

Para início de conversa, professores e professoras analisaram essas relações interdisciplinares na divertida composição da dupla Palavra Cantada "Ora bolas". 

Para ampliar esse conceito, professores e professoras se organizaram em grupos nos quais receberam três imagens do Livro "Seca" de André Neves para organizá-las em uma sequência narrativa.

Essa proposta exigiu que o grupo chegasse a consensos em suas escolhas, pois, dependendo da ordem das imagens, a narrativa remeteria a outra relação com o espaço. Também incentivou a observação das expressões faciais e de outros elementos da linguagem visual. 

 

 

Os(as) participantes destacaram a diferença entre as expressões infantis e adultas revelando uma maneira diferente de viver a realidade imposta pela prolongada estiagem. Nas imagens, crianças e adultos estão participando da busca pela água, mas apenas as crianças constroem um tempo e um espaço imaginários constituídos por meio da brincadeira com os barcos de papel. 

Buscando interfaces com a Matemática, os grupos propuseram questionamentos sobre a distância entre o ponto de chegada e o ponto de partida dessa viagem. Comentaram que a construção dos barcos de papel requer uso de saberes que envolvem a Geometria. Enfim, destacaram que, dependendo da abordagem no Ciclo de Alfabetização, o trabalho pedagógico com estas imagens favorece a garantia de direitos de aprendizagem da Matemática e da Geografia, intermediados pela Língua Portuguesa.

Outra obra que permite uma análise similar é o Voo da Asa Branca, que dialoga com a composição "Asa Branca" de Luiz Gonzaga.

Após essas análises, o grupo debateu sobre a importância de que outras imagens do Nordeste também sejam apresentadas, uma vez que a região abarca uma diversidade de territórios e manifestações culturais que, por vezes, são invisibilizadas no espaço escolar.

Um bom exemplo de valorização da cultura Nordestina é a composição "Norte e Nordeste me veste" do Rapper Rapadura Xique Xico. Vale a pena conhecer:

A indumentária de Lampião e Maria Bonita representa e valoriza a cultura local nordestina.

Nesse contexto, os grupos foram convidados a produzir um livro ilustrado a partir da seleção de cenas da música "O Xote das Meninas", no qual o espaço agreste é cenário para uma narrativa sobre o despertar da paixão na adolescência.

Antes da apresentação das produções dos grupos, todos e todas assistiram ao trailer do documentário de Win Wenders e Juliano Salgado "O Sal da Terra", que apresenta parte da trajetória profissional de Sebastião Salgado e evidencia a importância e singularidade da observação.

As cenas representadas pelos(as) cursistas comprovaram a frase de Sebastião Salgado durante o documentário: "Se você colocar muitos fotógrafos no mesmo lugar todos farão fotos muito diferentes".

Após esse momento, foi proposta aos professores e professoras a análise das imagens a seguir no intuito de perceber detalhes de espaços diversos na cidade e uma crítica à chamada crise hídrica vivenciada pela metrópole paulistana nesses últimos meses em relação à frequente seca nordestina.

As duas últimas imagens nos permitem refletir sobre causas e consequências de uma crise hídrica, situando o problema da seca para além de causas climáticas e territoriais e ampliando seu foco para o papel das políticas públicas.

O excerto a seguir retirado do livro de Nestor André Kaercher, "Ler e escrever a Geografia para dizer a sua palavra e construir o seu espaço", expressa com perfeição a abordagem do tema espaço em uma perspectiva interdisciplinar.

O encontro foi finalizado retomando a importância das vivências interdisciplinares no Ciclo de Alfabetização e a possibilidade de ampliação do tema com a leitura do Caderno 3 "Interdisciplinaridade no Ciclo de Alfabetização".