segunda-feira, 28 de julho de 2014

OS JOGOS NA ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA: VIVENDO E APRENDENDO A JOGAR!



No sábado, 26/07/2014, todas as 17 turmas PNAIC se encontraram no CEU Casa Blanca no "2.º Encontro dos professores alfabetizadores da DRE Campo Limpo: Jogos e Alfabetização Matemática".




O evento foi marcado pela confraternização e diversão. 
No primeiro momento, a palestra com a professora Maria Helena Souza, assessora da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e especialista em jogos matemáticos, trouxe informações sobre características dos jogos em diversas culturas e, sobretudo, características dos jogos pedagógicos.








Dentre as principais considerações, a professora destacou que os jogos pedagógicos não são livres, uma vez que os professores têm uma intencionalidade pedagógica, entretanto, precisam ser instigantes para os alunos e também garantir aprendizagem e diversão. 

Segundo Maria Helena, jogo pedagógico é sinônimo de jogo cooperativo, sendo redundante a expressão "jogos pedagógicos cooperativos".

Embora estimule certa competição, nenhum jogo pedagógico deve levar um aluno à sensação de fracasso por ter perdido uma partida, pois em seu processo o que está em destaque é a aprendizagem e oportunidade de compartilhar bons momentos com os colegas de sala.

Após as considerações sobre o jogo, a professora Maria Helena promoveu um momento muito divertido com os 400 professores alfabetizadores: um jogo de probabilidade que exigia destreza e sorte.


O desafio não foi fácil, mas a intenção era justamente promover uma experiência semelhante a dos alunos nos momentos em que lhes são apresentados conceitos que ainda desconhecem.

Depois de muito barulho, animação e até premiação aos vencedores, os professores foram para um breve intervalo para compartilhar o lanche coletivo.

No segundo momento, foram realizadas as oficinas de jogos nas salas da EMEF do CEU Casa Blanca. As turmas se organizaram em oito salas, cada uma acompanhada por dois Orientadores de Estudo e puderam vivenciar um circuito com os seguintes jogos pedagógicos:


  • Mancala
  • Metade e dobro
  • Trilha dos sólidos
  • Cara ou coroa
  • Marcando as horas


 

 Foram horas de intensa aprendizagem, comprovando que o trabalho com jogos pedagógicos é coisa séria e tem grandes chances de se tornar prática frequente na Rede Municipal de Ensino.

Vale a pena consolidar esse momento com o fragmento abaixo, disponível no Caderno de Jogos do PNAIC (p. 05).

"É preciso sempre lembrar que a utilização de jogos e brincadeiras na escola, com a finalidade explícita de ensinar, data de meados do século XIX. Considerado como o fundador dos jardins de infância, Friderich Froebel, já naquela época, defendia o seu uso em sala de aula.

Mais recentemente, diversos pesquisadores vêm se debruçando sobre as potencialidades pedagógicas do uso de jogos no ensino de forma geral e em particular na Educação Matemática.

É importante observar que o jogo pode propiciar a construção de conhecimentos novos, um aprofundamento do que foi trabalhado ou ainda, a revisão de conceitos já aprendidos, servindo como um momento de avaliação processual pelo professor e de autoavaliação pelo aluno.

Trabalhado de forma adequada, além dos conceitos, o jogo possibilita aos alunos desenvolver a capacidade de organização, análise, reflexão e argumentação, uma série de atitudes como: aprender a ganhar e a lidar com o perder, aprender a trabalhar em equipe, respeitar regras, entre outras.

No entanto, para que o ato de jogar na sala de aula se caracterize como uma metodologia que favoreça a aprendizagem, o papel do professor é essencial. Sem a intencionalidade pedagógica do professor, corre-se o risco de se utilizar o jogo sem explorar seus aspectos educativos, perdendo grande parte de sua potencialidade."

E é assim que o conhecimento é construído... "vivendo e aprendendo a jogar, nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar"...

domingo, 27 de julho de 2014

QUANTIFICAÇÃO, REGISTROS E AGRUPAMENTOS

No encontro sobre quantificação, registros e agrupamentos, os professores foram apresentados a mais um livro da coleção Tan-tan "Enquanto a mamãe galinha não estava". 




A história incentiva a contagem a partir de uma situação divertida e é bastante adequada aos alunos do Ciclo de Alfabetização, período em que estão ampliando seus conhecimentos sobre o sentido numérico.

Também assistiram ao vídeo "Abu Ali conta seus burros", baseado na história de Malba Tahan, um dos pioneiros no trabalho com a história da Matemática a partir de narrativas lúdicas.

Outro texto do mesmo autor utilizado para aguçar os conhecimentos matemáticos foi o famoso Caso dos quatro quatros
O mistério consiste em desvendar como é possível formar praticamente todos os números utilizando apenas quatro quatros. 

Já tentou resolver o desafio? Ainda se lembra como os números abaixo podem formar o número 1?

4 4 4 4

Para aprofundar o assunto, resgatamos a história da construção dos números, uma invenção revolucionária, mas que se desenvolveu aos poucos e de maneiras diferentes em várias civilizações, tendo em comum o fato de que sua construção esteve sempre relacionada às necessidades humanas de quantificação, registro e agrupamentos.

A história dos números começa com uma capacidade comum a humanos e alguns animais: o senso numérico... Veja abaixo uma síntese desse tema ampliado no Caderno 2.

O senso numérico é a capacidade que permite diferenciar, sem contar, pequenas quantidades de grandes quantidades, perceber onde há mais e onde há menos, quando há “tantos quantos” ou uma situação de igualdade entre dois grupos. O senso numérico é a capacidade natural que o ser humano e alguns animais possuem para apropriar-se de quantidades. (Caderno 2 p.6)

Quando o ser humano começou a produzir para o próprio sustento, ele descobriu a quantidade. E essa descoberta levou-o à contagem.

Para solucionar problemas de controle de quantidades, as primeiras formas que o ser humano criou estavam relacionadas ao que chamamos de correspondência um a um ou correspondência termo a termo (p.11)

Historicamente, embora a correspondência um a um não permitisse ao ser humano saber exatamente quanto tinha, dava-lhe condições de ter controle sobre as quantidades. Inicialmente, essa correspondência era feita com a utilização de recursos materiais encontrados na natureza como pedras, pedaços de madeira, conchas, frutos secos... Esses instrumentos serviram para controlar as quantidades dos animais que se multiplicavam ou se moviam. Mas, com o passar do tempo, esses materiais tornaram-se pouco práticos para manusear, principalmente quando não permitiam o controle de grandes quantidades. (p.12)

A necessidade de contar grandes quantidades levou o ser humano a superar a correspondência um a um e organizar “montes” ou “grupos” de quantidades, ou seja, a contagem por agrupamento. Esse tipo de contagem é o princípio básico que deu origem aos mais diversos sistemas de numeração. A contagem por agrupamento representou um grande avanço, pois permitiu ao ser humano superar a correspondência um a um, tornando a ação de contagem de grandes quantidades mais rápida e eficiente. Ao invés de controlar a quantidade de um grupo com muitas unidades, ele passou a ter o controle da quantidade de alguns grupos com poucas unidades. (p.15)




Os primeiros sistemas de numeração que fizeram uso de registros escritos foram originários, provavelmente, da Suméria e do Egito. Contudo, na antiguidade, muitos povos organizaram os seus sistemas escritos, sendo que, atualmente, são conhecidos alguns, como o dos povos egípcio, grego, chinês, romano, inca, asteca, maia e de muitos povos indígenas brasileiros como os kaingang, xokleng, palikur, entre outros. (p.19)




Desenvolver o sentido numérico e tornar-se numeralizado

Da mesma forma que precisamos ser letrados e assim nos engajarmos em práticas sociais que envolvem a escrita, também é necessário ser numeralizado (Nunes ; Bryant , 1997) para que possamos lidar e responder às demandas do cotidiano que envolvem a matemática. (p.21)

Ser numeralizado significa ser capaz de pensar matematicamente nas mais diferentes situações do cotidiano, estando associado tanto às experiências escolares como a experiências extraescolares que ocorrem antes mesmo da formalização da matemática através de situações de ensino. (p.21)

sentido numérico é tanto de natureza inata como adquirida. Seu caráter inato ilustra que nascemos para a matemática e seu caráter adquirido ilustra o papel desempenhado pelas experiências sociais (formais e informais) com os números. (p.20)

Três aspectos precisam ser considerados a respeito do sentido numérico: sua natureza intuitiva e ampla, seu desenvolvimento gradual e o fato de assumir características específicas em função do conceito matemático ao qual se associa.

Os indicadores de sentido numérico
A partir de uma análise da literatura na área, Spinillo (2006) identificou e agrupou os principais indicadores de sentido numérico com o objetivo de contribuir para uma maior compreensão acerca deste tema:
a) Realizar cálculo mental flexível.
b) Realizar estimativas e usar pontos de referência.
c) Fazer julgamentos quantitativos e inferências.
d) Estabelecer relações matemáticas.
e) Usar e reconhecer que um instrumento ou um suporte de representação pode ser mais útil ou apropriado que outro.

Para ampliar possibilidades de aprendizagem dos alunos sobre conceitos matemáticos, os professores alfabetizadores assistiram ao vídeo "A Matemática na Educação Infantil". Nele a professora Kátia Stocco Smole, Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo, analisa as atividades e comenta sobre a importância da resolução de problemas para o desenvolvimento infantil. 

Vale a pena conferir!



Depois de tantas aprendizagens, é o momento de analisar sua própria prática e se preparar para as atividades pessoais:

  • Traçar o perfil de aprendizagem da turma em relação à Língua Portuguesa e Matemática, descrevendo o que considera essencial que as crianças aprendam no Ciclo de Alfabetização e relatando quais instrumentos de avaliação utilizou
  • Ler o texto “Sentido de número na Educação Matemática” (Caderno 2 – p. 48) e enviar comentários por e-mail
No próximo encontro tem + muito +...

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO

No encontro sobre "Organização do trabalho pedagógico", os professores compartilharam o que haviam destacado na carta enviada à orientadora. Para tanto receberam uma planilha orientadora que solicitava descrição de como organizavam seus planejamentos, que atividades eram mais frequentes, quais práticas já estavam consolidadas e em quais precisariam avançar. 

Grupo: __________________________________________________

Vamos mapear nossas reflexões a partir da tarefa pessoal (carta)

Organização do Planejamento
Atividades
Práticas consolidadas
O que precisamos avançar









A síntese da discussão revelou que o planejamento coletivo ainda não está consolidado em algumas escolas, nas quais há pouco espaço nos horários coletivos para o planejamento semanal e diálogo dos professores do mesmo ano. Felizmente também há unidades em que esses desafios já foram superados. Entre as práticas que precisam ser potencializadas está o trabalho com atividades lúdicas, principalmente os jogos pedagógicos.

Os grupos chegaram à conclusão de que é preciso lutar no cotidiano da escola para que o diálogo, o estudo e o planejamento coletivo sejam privilegiados. Para isso é necessário que os espaços coletivos  de estudo e interação encaminhem e norteiem as ações pedagógicas. Os participantes do PNAIC já iniciaram esse movimento ao compartilharem as discussões dos encontros em suas unidades, portanto, muitos avanços já estão em andamento.

A atividade seguinte continuou abordando o planejamento. Os professores destacaram a importância do diagnóstico da turma para conhecer o que os alunos já sabem e, assim, planejarem as aulas. Destacou-se a importância de observar suas potencialidades e não apenas limitações. Essa é uma prática em construção, uma vez que a realidade escolar da qual viemos foi classificatória. Sair desse enquadramento é um desafio em todas as áreas, sobretudo na matemática.


Na sequência foi apresentado o ppt com destaque para a organização da sala de aula no que se refere a seu espaço físico contendo diversos portadores organizados pelo professor, com as crianças ou pelas crianças, a necessidade de uma rotina de trabalho que oriente os alunos, a promoção de um ambiente colaborativo e investigativo. Tal ambiente é construído quando se promove e valoriza o diálogo e registros escritos e orais vinculados a situações significativas.






O vídeo “Contando coleções” apresentou uma situação didática que permitiu indagações sobre o planejamento das aulas, destacando a seleção do material (tampinhas) e do conteúdo (quantificação, registros e agrupamentos), a organização do espaço físico, a sequência de atividades (elas precisavam contar as coleções e registrar essa quantidade, depois precisavam relatar como fizeram a contagem) e as intervenções da professora, que percebia quem já fazia a correspondência biunívoca, a sobrecontagem etc. 

Os professores gostaram muito da experiência apresentada no vídeo e destacaram as possibilidades de organizar uma aula produtiva com materiais simples e acessíveis.




Essa temática foi aprofundada com a leitura de estudo do texto “O fechamento da aula”, p. 27 a 39 do Caderno 1

As discussões destacaram a necessidade de nos desapegarmos de discursos saudosistas do tipo “antigamente aprendia-se mais”. O ensino tradicional pautado na repetição e memorização de conteúdos não atende à realidade da democratização do acesso e busca da qualidade na aprendizagem. 

Não se pode mais defender o ensino pautado no silabário, no arme e efetue, nas crianças sentadas uma atrás da outra. Avançar nos conhecimentos necessários a uma boa aula de matemática requer a visão de que as crianças aprendem quando são colocadas diante de situações desafiadoras, envolvendo situações significativas, das quais participam dialogando, contando sobre sua compreensão. Nesse sentido, o planejamento da aula faz toda diferença.

Para ampliar o repertório de atividades possíveis, os grupos foram solicitados a analisar as atividades apresentadas no Caderno 1 (p. 40 a 59), percebendo suas intencionalidades e possibilidades de aplicação em suas salas de aula.